quarta-feira, 28 de agosto de 2013

CASO DE POLÍCIA !

Saboia é um caso de polícia

Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

O caso de Eduardo Sabóia não é diplomático.

É um caso de polícia.

Ao ajudar na fuga de um homem procurado pela polícia boliviana sob graves acusações, Sabóia ultrapassou todos os limites legais.


Na melhor das hipóteses, ele fez justiça com as próprias mãos.

Suas justificativas, até aqui, são confusas. Invocou até Deus. Disse ter ouvido, no trajeto de fuga, a voz de Deus.

Ora, para ficar no terreno das crenças religiosas, alguém poderia rebater que foi o diabo se fazendo passar por Deus.

Comparou a embaixada brasileira em La Paz ao Doi Codi, o lugar em que eram presos e torturados opositores da ditadura militar brasileira.

Alguém imagina que Molina, o acusado, vivesse em condições menos confortáveis que as de Julian Assange na embaixada equatoriana em Londres?

Jornalistas brasileiros preguiçosos que tentam fazer dele um mártir foram, em algum momento, descrever como era a vida de Molina na embaixada?

Assange não tem como pegar sol, por exemplo, na acanhada embaixada equatoriana perto da Harrods. Puseram um aparelho que compensa a falta de sol.

Também não tem como se exercitar, e uma esteira foi colocada ali para que ele mantenha a forma.

Molina estava em situação pior?

Quem acredita nisso acredita em tudo, como disse Wellington.

Sabóia disse que resolveu um problema político.

Ora, ele criou um grande problema com um desrespeito histórico ao governo de Evo Morales.

Onde estaria toda essa bravura se o detido fosse um americano acusado de crimes por Washington?

Molina não estava bem, psicologicamente? Assange está? Manning estava, em sua temporada numa solitária? Os presos sem julgamento de Guantánamo estão?

A humanidade está?

Sabóia está fazendo chantagens, agora. Diz que tem mensagens capazes de incriminar outras pessoas.

Que as mostre, se tem – à polícia.

ESSA ELITE MESQUINHA NÃO ACEITA DAR NEM UM OSSO AO POVO!

Essa elite mesquinha não aceita dar nem um osso ao povo

Eduardo Guimarães, Blog da Cidadania 

Há 500 anos que essa elite mesquinha se recusa a aceitar qualquer mísera esmola que se queira dar a essa parcela imensa do povo brasileiro à qual sempre faltou tudo

Criei este Blog para estimular cada concidadão que viesse a me ler a não desanimar de exercer a própria cidadania, mas, infelizmente, o que direi neste texto talvez não seja um bom exemplo dessa conduta, pois escrevo um tanto quanto desanimado com o Brasil.

O que de tão grave aconteceu?, perguntará você. Não foi nada de especial, respondo eu. É apenas cansaço. Uma espécie de "gota d'água" inoculou-me tal sentimento.

Trata-se dessa oposição furiosa ao programa Mais Médicos. Como se não bastassem as cenas lamentáveis de mesquinharia e desonestidade de parcela significativa de uma categoria profissional que deveria se pautar pelo humanismo acima de tudo, ainda se tem que aturar uma imprensa digna dessa gente, com seus colunistas usando, em bloco, metáforas racistas para desacreditar uma iniciativa de governo que poderá levar alento ao sofrimento de milhões de desassistidos.

Mas só por isso você se entrega?, treplicará o leitor. Não, não é só por isso. É por tudo.

Há 500 anos que essa elite mesquinha se recusa a aceitar qualquer mísera esmola que se queira dar a essa parcela imensa do povo brasileiro à qual sempre faltou tudo e para a qual ainda falta até uma mísera consulta com um médico.

Os tostões do Bolsa Família para famílias que mal têm o que pôr em seus estômagos é "incentivo a vagabundagem"; cotas para jovens da etnia majoritária no país se ver um pouco menos mal representada no ensino superior é atentado ao mérito "inerente" aos brancos que sempre dominaram a quase totalidade das vagas; redução da conta de luz para pessoas paupérrimas aumentarem a quantidade de calorias que ingerem, é "populismo".

Não há nada que se queira dar ao povo brasileiro mais sofrido que essa gente que gasta em um almoço quantias que alimentariam uma família pobre por um mês não regateie através de uma imprensa feita por brancos de classe média para brancos de classe média.

É muito dura a vida do povo brasileiro. Não é à toa que continuamos sendo a única nação neste estágio de desenvolvimento a ter uma desigualdade social tão profunda e que, ainda que essa gente mesquinha não enxergue, está pondo o Brasil em guerra civil.

Sinto muito, portanto, não poder, neste texto, cumprir a parte que me cabe em uma luta que é de todos, até daqueles que lutam em sentido contrário, apesar de não saberem disso. Só o que posso fazer aqui, pois, é lamentar que já tenha vivido, no mínimo, mais da metade do tempo que me resta neste mundo sem ter visto o Brasil se tornar um pouquinho só menos egoísta.

Diante de tal estado de espírito, fico por aqui. Conto com a compreensão de todos. Até porque, amanhã é outro dia e não há mal que sempre dure. Sobretudo se for um mal passageiro como este que, desta feita, acometeu-me a alma.

SEREMOS ESCRAVOS DA SAÚDE E DOS DOENTES

"Seremos escravos da saúde e dos doentes"

A frase foi dita pelo médico cubano Juan Delgado, de 49 anos, que foi vaiado e hostilizado por médicos do Ceará, numa imagem que envergonhou o Brasil e, postada no 247, foi compartilhada por 185 mil pessoas; ao desembarcar no Brasil, foi chamado de "escravo" e se disse "impressionado" com a manifestação. "Isso não é certo, não somos escravos. Os médicos brasileiros deveriam fazer o mesmo que nós: ir aos lugares mais pobres para prestar assistência"; que sirva de lição aos médicos que agiram com selvageria em Fortaleza e também a seus detratores na mídia brasileira; Conselho Federal de Medicina ainda não condenou agressão, que descamba para xenofobia e racismo.

Brasil 247 - O médico cubano Juan Delgado, de 49 anos, retratado numa imagem do fotógrafo Jarbas Oliveira, em que era vaiado por médicas brasileiras, se disse "impressionado" com a manifestação ocorrida em Fortaleza e deu uma lição em seus agressores. "Me impressionou a manifestação. Diziam que somos escravos, que fôssemos embora do Brasil. Não sei por que diziam isso, não vamos tirar seus postos de trabalho", afirmou ele.

De fato, Delgado e os demais estrangeiros que chegaram ao Brasil irão trabalhar em 701 municípios que não atraíram o interesse de nenhum médico brasileiro, a despeito das bolsas de R$ 10 mil oferecidas pelo governo federal.

Negro, e formado por uma universidade pública de Cuba, Delgado questionou várias vezes o fato de ter sido chamado de "escravo" pelos brasileiros. Ele se disse um homem livre, que veio por vontade própria ao Brasil e disse ainda ter atuado em outras missões humanitárias, em países como o Haiti.

Sobre a escravidão, ele disse algo que poderia ser lembrado pelas próximas gerações de médicos no Brasil. "Isso não é certo, não somos escravos. Seremos escravos da saúde, dos pacientes doentes, de quem estaremos ao lado todo o tempo necessário", afirmou, em depoimento ao jornalista Aguirre Talento, da Folha. "Os médicos brasileiros deveriam fazer o mesmo que nós: ir aos lugares mais pobres prestar assistência".

Ele afirmou ainda que a atuação dos estrangeiros não será simples. "O trabalho vai ser difícil porque vamos a lugares onde nunca esteve um médico e a população vai precisar muito de nossa ajuda", disse. Sobre o desconhecimento da língua portuguesa, disse que não será um empecilho e afirmou que a população brasileira "aceitará muito bem os cubanos".

Responsável pelo corredor polonês armado contra os cubanos, o presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará, José Maria Pontes, disse que as vaias não eram dirigidas contra os profissionais estrangeiros, mas sim aos gestores do programa Mais Médicos. Um vídeo, no entanto, deixa claro que médicos cubanos, como Juan Delgado, foram cercados e chamados de "escravos" por uma turba selvagem e enfurecida de médicos cearenses. Até agora, o Conselho Federal de Medicina ainda não soltou nenhuma nota condenando o que ocorreu em Fortaleza.

Postada ontem com indignação pelo 247, a imagem da vaia dirigida a Juan Delgado havia sido compartilhada por 185 mil pessoas no Facebook – uma marca histórica e um fenômeno raro na história da internet (saiba mais aqui). O que demonstra o estrago que a classe médica tem feito à própria imagem com os atos de xenofobia e até racismo contra médicos estrangeiros, sobretudo cubanos, que vêm sendo incitados por parte da chamada grande imprensa brasileira (saiba mais em "Eles são responsáveis pelo corredor polonês?")

QUEM QUER DERROTAR DILMA?

Obsessão anti-Dilma ajuda Marina

Por Paulo Moreira Leite, em seublog:

A atitude generosa dos meios de comunicação diante das dificuldades de Marina Silva para registrar a Rede de Sustentabilidade no TSE só se explica pela obsessão conservadora de impedir de qualquer maneira a reeleição de Dilma Rousseff.

Basta ler as pesquisas eleitorais recentes para constatar o óbvio. Entre tantos concorrentes oposicionistas, o único nome que aparece como concorrente competitiva é Marina Silva.
Outro candidato, Aécio Neves, pode até ganhar fôlego e demonstrar maior musculatura. No momento, enfrenta, mais uma vez, o apetite de José Serra de roubar-lhe a faixa de concorrente.

A obsessão em impedir a reeleição de Dilma cresceu depois que sua recuperação junto ao eleitorado foi confirmada pelo Ibope e ajuda a entender o caráter desonesto da campanha contra a vinda de médicos cubanos.

Numa atitude que demonstra até onde o interesse eleitoral pode chegar, nosso conservadorismo deixa claro que prefere sacrificar a saúde da população mais pobre, sem assistência médica de nenhum tipo, apenas para tentar impedir que Dilma possa apresentar alguma – modesta mesmo, vamos reconhecer – melhoria numa área tão abandonada do serviço público.

Enquanto isso, Marina tem sido tratada a pão de ló.

Agora, ela procura um tratamento preferencial: seus advogados querem ampliar o prazo legal para o exame e aprovação das 492.000 assinaturas necessárias para legalização de seu partido, a Rede de Sustentabilidade.

Certo? Errado?

Não se preocupe. Se for preciso, dá-se um jeito.

Há antecedentes no tratamento especial a Marina.

Numa decisão que mais tarde seria revertida pelo plenário do STF, em abril o ministro Gilmar Mendes fez um momento brusco em benefício da sua candidatura, acolhendo um mandato de segurança que a beneficiava. O Congresso debatia naquele momento uma medida que, ao atrapalhar a criação de novos partidos num universo com 29 siglas já existentes, poderia dificultar a formação da Rede.

Ao justificar uma intervenção insólita no processo, o ministro empregou um argumento de natureza política. Sugeriu que, ao prejudicar a formação do partido de Marina, a medida poderia prejudicar o equilíbrio entre as candidaturas em 2014.

A medida em debate no Congresso até poderia estar errada, vamos admitir. O problema é que, num país onde a Constituição diz que todos os poderes emanam do povo, quem tem o direito de decidir se os pleitos serão equilibrados, desequilibrados, uma barbada ou uma disputa aflita até o último minuto é o eleitor – e mais ninguém.

Capaz de obter a marca respeitável de 20 milhões de votos em 2010, Marina Silva demonstra uma imensa dificuldade para construir uma organização coletiva e estabelecer um projeto coerente de disputa pelo poder político. Sua dificuldade para reunir quase meio milhão de assinaturas certificadas pela Justiça eleitoral não envolve um problema burocrático nem se explica pela má vontade de cartórios eleitorais. A causa é política.

“O que é a Rede?”, podemos perguntar.

Marina já declarou que a Rede não é da situação nem da oposição. Mesmo assim, foi poupada de qualquer crítica impiedosa, ao contrário do que ocorreu com Gilberto Kassab, quando disse que seu PSD não era de direita nem de esquerda.

O fiasco na coleta de assinaturas tem uma causa óbvia. Marina não tem uma máquina política profissional, com um mínimo de articulação nacional, como acontece com todo partido que tem ambições reais de chegar ao poder de Estado.

Tampouco conseguiu construir um movimento social orgânico, estruturado, para bater pernas voluntariamente em busca do apoio do cidadão comum.

Isso acontece porque até agora Marina não conseguiu entrar no debate político real sobre o país.

Existe como mito, o que tem inegável valor eleitoral enquanto permanecer sob proteção dos meios de comunicação.

Mas até agora não formulou um projeto coerente para o país, o que tem seu preço quando se tenta construir um partido, formar alianças, cobrar lealdades, definir prioridades e preferências.

Sua bandeira maior, o ambientalismo, tem um inegável poder de atração, em especial junto a eleitores jovens.

Falta explicar, no entanto, como se pretende combinar o controle ambiental com outras necessidades. Não estamos na Alemanha. (Eu acho que nem na Alemanha as discussões ocorrem como se pensa que elas ocorrem, mas deu para entender, certo?)

Até as crianças sabem que não existe ecologia grátis. Exigências ambientais têm a contrapartida inevitável de reduzir a velocidade do crescimento econômico, o que coloca uma questão essencial, que é saber como Marina pretende combinar um discurso que faz do meio ambiente a prioridade número 1 com a necessidade de o país desenvolver-se, criar empregos e gerar riquezas para garantir uma situação de bem-estar à maioria de sua população.

Economistas de extração tucana e até mais conservadora que hoje cercam a candidata se dão bem com a ecologia porque ela ajuda a falar - com elegância - sobre limites naturais para o crescimento, em decrescimento, que é uma recessão programada, e outros eufemismos de quem considera que o desenvolvimento e a criação de empregos deixaram de ser prioridade mesmo no Brasil. Essa aproximação não surpreende, portanto, e ajuda Marina a ser abençoada pelo grande capital financeiro.

Mas economistas disputam votos na academia, costumam brilhar em reuniões fechadas e cobram somas milionárias para fazer profecias em encontros com empresários. Marina irá procurar votos junto ao povão pregando medidas recessivas e corte em gastos públicos e políticas sociais, como reza a cartilha de princípios de austeridade de seus economistas?

Irá dizer que o Estado de Bem-Estar Social é meio caminho andado para a servidão humana, como afirma Friederich Hayek, guru austríaco da maioria deles?

Outro aspecto é que a maior parte dos 20 milhões de votos de Marina são fruto de um casamento que juntou duas conveniências. O cansaço de uma parcela da juventude com o PT e o conservadorismo de setores evangélicos mobilizados contra a legalização do aborto e os direitos dos gays.

Embora candidatos que mobilizam grandes parcelas do eleitorado sejam capazes, normalmente, de conseguir votos em setores diferenciados e mesmo em conflito permanente, estamos falando de um casamento-relâmpago entre parcelas da sociedade que se detestam e se excluem.

Resumindo: foram eleitores de Marina, em grande parte, que organizaram grandes protestos para denunciar Feliciano. São eleitores de Marina, também, que lhe dão apoio.

Como combinar tudo isso e fazer um partido?

Essa é a pergunta.

MÉDICOS PARA O BRASIL

Cidade paulista receberá médicos cubanos pela segunda vez

Pedreira, no interior de SP, tem 41 mil habitantes e trouxe médicos de Cuba em programa dos anos 1990 
José Maria Mayrink, enviado especial / Pedreira - O Estado de S.Paulo 

Pioneiro na importação de cubanos para a adoção do projeto Médico de Família, há 18 anos, o município paulista de Pedreira, de 41.500 habitantes, na região de Campinas, vai receber mais três médicos vindos de Cuba pelo Mais Médicos. O prefeito Carlos Pollo (PT) se inscreveu no programa depois que só um brasileiro se candidatou a uma das quatro vagas disponíveis no Programa Saúde da Família (PSF).

O epidemiologista Eduardo Francisco Mestre Rodríguez, que veio de Havana em 1995 para coordenar a implementação do serviço com mais cinco compatriotas - quatro médicos e um dentista - acabou ficando em Pedreira, onde se casou. "Permaneci aqui por razões sentimentais, enquanto meus companheiros voltaram ao fim do contrato", conta.

Dr. Eduardo, como é conhecido, é uma figura muito querida em Pedreira, onde é abraçado nas ruas, por seu trabalho direto com o povo, dando expediente nos postos da Saúde da Família. "Estou com 56 anos e meio gordo, porque como muito churrasco e feijoada, perfeitamente integrado na comunidade", orgulha-se entre risadas, falando um portunhol perfeito.

"Minha família já me visitou no Brasil e eu voltei três vezes a Cuba, em férias, sem nenhum problema político", disse, insistindo que cumpriu uma missão profissional em Pedreira. "Não vim para clinicar, porque a lei brasileira proibia, na época, o exercício da medicina sem revalidação do curso, mas para coordenar a criação de um modelo de atendimento básico, assumido por colegas brasileiros."

Sem atendimento. Eduardo coordenou o PSF e em seguida foi diretor do Serviço de Saúde Mental em três administrações do ex-prefeito Hamilton Bernardes (na primeira pelo PMDB e nas outras duas pelo PSB), atualmente secretário de Finanças de Campinas. Economista, Bernardes entusiasmou-se com a figura do médico de família em Cuba e adaptou o modelo a Pedreira.

"A chave do programa é levar o médico à casa do doente para ele conhecer a situação em que vive a família, num enfoque clínico, epidemiológico e social, antes de receitar remédios", explica Eduardo.

A equipe de Saúde da Família tem um médico generalista, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e de quatro a seis agentes comunitários de saúde. "Esses agentes foram um avanço do sistema brasileiro, não existem em Cuba, onde são os médicos que visitam as casas", observa. Os agentes fazem o levantamento nos domicílios e preparam o diagnóstico para atendimento nos postos.

Na época da adoção do sistema, o índice de internações caiu 30% no hospital de Pedreira e o índice de mortalidade infantil também baixou. O município tem 60 médicos no serviço público, com salários em torno de R$ 10 mil, equivalente ao que o governo federal vai pagar aos estrangeiros. A prefeitura bancará moradia e alimentação.

"Não será muito dispendioso, porque podemos alugar um apartamento por cerca de R$ 400", anima-se o prefeito Carlos Pollo.

Os cubanos que vieram nos anos 1990 recebiam remuneração de R$ 1.800 mensais. Dois terços do salário iam direto para o governo de Cuba. Com um contrato correspondente agora, os médicos ficarão com cerca de R$ 2,4 mil a R$ 4 mil. "É razoável e é muito mais do que um médico ganha em Havana", afirma Eduardo, que construiu a vida em Pedreira como contratado da prefeitura.

Tem um apartamento de 90 m2, com três dormitórios e dois banheiros, e um carro Peugeot, de 2009. Depois de deixar a Secretaria da Saúde, no ano passado, passou a fazer consultoria para prefeituras e a trabalhar no Instituto de Pesquisas Especiais para a Sociedade, em convênio com a Universidade Estadual de Campinas.

"Os médicos não devem pensar só em seus interesses, mas na saúde da população", argumenta Eduardo, repetindo um discurso que, segundo ele, move seus compatriotas que foram atuar em Angola, Etiópia e Venezuela. "Os médicos cubanos estão preparados para trabalhar com a população do Brasil, assim como os brasileiros são bem qualificados", diz.

Como os três cubanos fornecidos agora pelo Mais Médicos vão clinicar, o prefeito Carlos Pollo diz esperar que o governo federal resolva os problemas legais. Nesta semana, ele começa a procurar apartamentos, de preferência perto dos postos de saúde, para os médicos.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

LIBRA, O POVO NÃO SABE DE NADA.

*Paulo Metri

O povo não sabe nada sobre Libra e, se depender da mídia comercial, continuará inocente para sempre. Sugiro uma enquete feita por um instituto de pesquisa confiável, com uma única pergunta à população: “O que você acha do leilão de Libra, que vai ocorrer em 21 de outubro próximo?”. Aposto que, no mínimo, 95% dos entrevistados não saberão o que é Libra. No entanto, o leilão de oito a doze bilhões de barris de petróleo, que se convencionou chamar de campo de Libra, não poderia passar despercebido. Está em jogo a possibilidade de muito mais recursos estarem disponíveis, no futuro, para educação, saúde, habitação, saneamento e outros programas sociais, se este campo for bem aproveitado. Se for leiloado, a maior parte destes recursos irá para as petrolíferas estrangeiras.

Este importante fato não é divulgado, simplesmente, porque a mídia comercial existente é subordinada aos interesses do capital e, neste assunto, as petrolíferas estrangeiras determinam que a sociedade deve permanecer em total ignorância. Desta forma, informações confiáveis, hoje, só na mídia alternativa. O que será desviado da sociedade com o leilão de Libra corresponde à maior apropriação de um patrimônio público desde a nossa independência. Só não digo desde a descoberta do país, porque não sei quanto ouro foi levado das nossas terras para Portugal.

A totalidade do petróleo de Libra vale, no mínimo, US$ 1 trilhão, mas, provavelmente, chegará a US$ 1,5 trilhão. Nem tudo será desviado, pois existem o Fundo Social e os royalties. Mas poderia retornar mais para a sociedade, se Libra fosse entregue sem licitação à Petrobras, que assinaria um contrato de partilha com a União, satisfazendo o artigo 12 da lei 12.351, e com a máxima contribuição para o Fundo Social. Qualquer valor abaixo deste máximo que a Petrobras pode entregar deve ser considerado como um desvio de patrimônio da nossa sociedade.

Assim, o desvio de Libra, se o governo teimar em leiloá-lo para as empresas estrangeiras, será maior que a transferência de todo manganês da Serra do Navio no Amapá para formar uma montanha em outro país. Será maior que o roubo da privatização da Vale, que chegou a US$ 100 bilhões, ou o das teles, que dizem ter sido em torno de US$ 40 bilhões. Se for tomado o desvio ou o caixa 2 dos chamados mensaleiros, da ordem de uma ou duas centenas de milhões de reais, o leilão de Libra significa uma subtração de recursos da ordem de 10.000 vezes maior que o tão divulgado rombo do “mensalão”.

Contudo, no caso de Libra, temos o desvio institucionalizado, uma vez que o leilão não é a melhor aplicação da lei 12.351, mas ele também está previsto nesta lei. Se o argumento de que o leilão não traz o melhor impacto para a sociedade for levado a um juiz, ele poderá indeferir o pedido de sustação do leilão, alegando que este é previsto em lei e, se a lei é injusta, não cabe a ele, juiz, modificá-la. Aliás, todas as 11 rodadas de leilões da ANP já ocorridas, seguindo a lei 9.478, excetuando a oitava, tiveram respaldo legal. O Congresso Nacional, tão comprometido com o poder econômico quanto a mídia, só irá reverter esta lei se houver grande pressão popular ou se a população passar a votar melhor, inclusive se deixar de votar contra si própria.

Para descrever a apropriação indevida, há uma correspondência clara entre este ciclo do ouro negro com o que aconteceu no ciclo do ouro passado, pois a Coroa são os atuais países-sede das petrolíferas estrangeiras, a Colônia é a mesma; a administração da Coroa na Colônia é, hoje, o atual governo brasileiro; os agentes da usurpação são, ontem e hoje, os estrangeiros; e os usurpados de hoje são os descendentes dos usurpados do ciclo passado.

Fatidicamente, ficamos sempre com pouco usufruto sobre a riqueza que nos entrega a natureza ou o Criador. Espoliado desde a invasão europeia de 1500, o Brasil está no grupo das nações supridoras de grãos e minérios para os opulentos, que têm tecnologia, indústrias e serviços com alto conteúdo tecnológico e forças armadas persuasivas e opressoras.

Não há risco em Libra, pois não há dúvida sobre a existência deste petróleo. Não há pressa, a menos que o governo esteja com dificuldade para fechar suas contas, inclusive, o superávit primário. Mas, se este for o caso, lembre-se que se estão comprometendo realizações futuras durante muitos anos por uma questão conjuntural. Se a Petrobras estiver com sua capacidade de envolvimento em novos negócios esgotada, pode-se esperar, pois o abastecimento do país está garantido graças a ela própria por, no mínimo, uns 40 anos.

Aproveito para salientar que nenhuma empresa estrangeira se dispõe a abastecer o país, a construir refinarias, contratar plataformas e outros bens aqui. Querem unicamente o petróleo e seu lucro, em exploração completamente desvinculada da população que habita a região. Minha esperança, hoje, são os sindicalistas, os filiados a entidades de classe, os integrantes de movimentos sociais, os jovens que estão na rua, os internautas do bem, os perceptivos e honestos da mídia alternativa e o ex-presidente Sarney, a quem passo a fazer um pedido de público, já que não tenho canais de interlocução.

Vossa Excelência, durante sua vida pública, deu claras demonstrações de compreender a importância de se preservar a soberania do país e que esta posição nacionalista era necessária para se conseguirem avanços progressistas, tendo o seu governo se norteado por estes princípios. De memória, cito algumas medidas soberanas e progressistas do governo de Vossa Excelência: criação do Mercosul; determinação do domínio completo da tecnologia do Ciclo do Combustível Nuclear; decisão da construção do submarino nuclear; acordo com a China para o lançamento conjunto de satélite; moratória da Dívida Externa; lançamento do Plano Cruzado com o controle dos preços; reatamento com Cuba; criação do Ministério da Reforma Agrária; criação do Ministério da Cultura, com a nomeação do economista Celso Furtado para exercer o cargo de ministro; legalização de todos os partidos antes clandestinos e reconhecimento das centrais sindicais; nomeação de um nacionalista como Renato Archer para o Ministério da Ciência e Tecnologia; defesa da Causa Palestina e da Nicarágua Sandinista nos fóruns internacionais; defesa na ONU da autodeterminação e independência do Timor Leste; e reserva de mercado da informática, com a criação da Secretaria Especial de Informática, reserva esta mal interpretada até hoje.

Assim, peço a Vossa Excelência, político respeitado e de muitos aliados, que tem a sensibilidade necessária para compreender os argumentos de soberania, que é imprescindível para o progresso social colocar todo o seu peso político adquirido, em anos de atuação no nosso cenário, para que o leilão de Libra seja suspenso e este campo seja entregue à Petrobras, sem licitação prévia, através de contrato de partilha, como permite a lei 12.351. O povo brasileiro, no dia que ganhar consciência plena, será muito agradecido a Vossa Excelência.

Paulo Metri é conselheiro do Clube de Engenharia

MÉDICOS CUBANOS CAUSAM PROBLEMA EM PORTUGAL

Médicos cubanos causam problema em Portugal

Em Portugal, médicos cubanos são um problema. Ninguém quer que eles se vão 

Se o caro amigo internauta fizer uma pesquisa rápida no Google verá que o que pode acontecer aqui no Brasil , no futuro, com os médicos cubanos que o Governo Federal está trazendo para atuar em municípios onde não há profissionais brasileiros dispostos a atuar.

Os problemas não são de incapacidade profissional ou de dificuldade de comunicação.

São que os contratos firmados pelo governo português estão acabando e alguns deles terão de ir embora, para desespero das populações e dos prefeitos do Alentejo, do Algarve e do Ribatejo, regiões pobres que estão ameaçadas de ficarem, outra vez, sem médicos.

O portal SulInformação noticia:

Os cinco médicos cubanos que prestavam serviço de consultas no concelho de Odemira terminaram os seus contratos e regressaram ao seu país, deixando mais de 14 mil utentes sem médico de família.
Esta situação, segundo denuncia, em comunicado, a Câmara Municipal de Odemira, «está a provocar a rotura dos serviços médicos em Odemira, S. Teotónio, Sabóia e Vila Nova de Milfontes e o descontentamento da população e da autarquia, que têm vindo a expressar o seu descontentamento junto dos responsáveis locais, regionais e governamentais sem qualquer sucesso».
A autarquia sublinha, no comunicado a que oSul Informação teve acesso, que no litoral Alentejano prestavam serviço 16 médicos cubanos, cinco dos quais no concelho de Odemira e não foram substituídos, isto apesar de há alguns meses os autarcas terem sido alertados pela direção do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Litoral Alentejano para a necessidade de garantir a substituição dos médicos cubanos que terminavam contrato no final do ano de 2011.

As prefeituras são as maiores defensoras do trabalho dos profissionais cubanos, pelostrabalhos pró-ativos de saúde pública que realizam.

Até o presidente da Ordem dos Médicos de Portugal, apesar da cantilena de que os médicos estrangeiros são “superiores” em qualidade profissional, reconhece:

“Naturalmente os cidadãos que receberam os médicos estrangeiros ficaram satisfeitos. Porque até aí não tinham médico e passaram a ter. Não com as competências adequadas e desejáveis, mas passaram a ter um médico”

Pois é, né, doutor…

Agora, para quem quiser se aprofundar mais no “choque cultural” representado pelos médicos estrangeiros em Portugal, recomendo a leitura de um trabalho de duas sociólogas e uma psicóloga na Revista Iberoamericana de Salud y Ciudadaníacoordenada pela Universidade do Porto.

Ali, são ouvidos médicos cubanos, espanhóis e colombianos que foram trabalhar em Portugal e que falaram sobre essa experiência. Trascrevo apenas um pequeno depoimento, de uma médica uruguaia que está por lá:

Tú tienes que tener un segundo para mí, dos minutos aunque sea de
camino, de acercarte al primer familiar que está y decirle „señora, está 
así, hicimos esto, la cosa está así, lo voy a llevar a tal hospital, 
quédese tranquila, yo lo voy a acompañar‟. Es lo mínimo. Los 
médicos portugueses, entran, salen, meten el tipo y se van. Yo al 
principio decía „pero esto es inhumano!‟ […] Yo hablo con los 
familiares. Eso les llamó mucho la atención a los enfermeros y a los 
TAE [Técnicos de Ambulância de Emergência], yo siempre busco un 
minuto […]. Hay cosas que son de sensibilidad humana porque el 
paciente no es una cosa o un objeto. (E2, médica uruguaia)

Talvez tenhamos alguma coisa a aprender por aqui, não é?

Por: Fernando Brito

MÉDICOS, PROFISSIONAIS SEM CONSCIÊNCIA SOCIAL.

Reação de médicos revela que Brasil formou uma geração de profissionais aos quais falta a mais básica consciência social

Caluda! Os cubanos vêm aí 
Por Luciano Martins Costa

Comentário para o programa radiofônico do Observatório, 22/8/2013
Ouça aqui: 

Os jornais foram surpreendidos pela decisão do governo de importar de Cuba 4 mil médicos para ocupar postos em lugares críticos, onde não há serviço público ou particular de saúde. Os primeiros 400 deverão chegar já na próxima semana e serão enviados para cidades ou bairros que não despertaram interesse de profissionais brasileiros ou do exterior na primeira fase das inscrições no programa Mais Médicos, 84% dos quais no Norte e Nordeste.

O noticiário dá conta de que, ao todo, 3.511 municípios se inscreveram no programa, o que revela uma demanda de 15.460 vagas. Apenas 15% desse total haviam sido completados até quarta-feira (21/8). Cada médico contratado custará aos cofres públicos R$ 10 mil de salários mensais, mais os custos da mudança e pagamento de moradia e alimentação.

O convênio que permitirá a contratação de médicos cubanos foi feito pelo governo brasileiro com a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), que tem um acordo com governos de vários países, inclusive Cuba, para atender casos de emergência e carência crítica.

Os jornais de quinta-feira (22/8) explicam que 84% dos profissionais que virão de Cuba têm mais de 16 anos de experiência, 30% são pós-graduados, muitos trabalharam em países onde se fala a língua portuguesa, principalmente na África, e todos são especialistas em saúde da família.

Ainda assim, dirigentes de entidades médicas do Brasil fazem declarações à imprensa condenando a iniciativa. Representantes do Conselho Federal de Medicina e da Associação Médica Brasileira dão a volta nas informações oficiais sobre o convênio firmado com a OPAS e declaram que o programa é apenas uma jogada eleitoral. Um desses dirigentes chegou a afirmar que o contrato para trazer médicos cubanos tem “características de trabalho escravo”. No extremo do destempero, o presidente do Conselho Federal de Medicina opinou que a iniciativa do governo “poderá causar um genocídio”.

Como se pode observar, um diploma de médico, uma carreira bem sucedida e o acesso a um importante posto de representação profissional não asseguram clareza de raciocínio e honestidade intelectual, e dirigentes das principais entidades médicas do país podem resvalar rapidamente para um discurso irracional e preconceituoso quando os interesses corporativos falam mais alto do que a função social supostamente inerente à sua atividade.

Orgulho e preconceito

Mas há muito mais por trás dessa discussão. Nas redes sociais e nas correntes de mensagens que se seguem a cada novo movimento do governo nessa área, na tentativa de suprir a carência de médicos fora dos grandes centros, proliferam manifestações exageradas como a do presidente do Conselho Federal de Medicina. Na opinião de alguns de seus seguidores, o governo brasileiro não estaria apenas “promovendo um genocídio”, mas articulando um exército de cubanos para levar o comunismo aos rincões do Brasil, onde supostamente vivem cidadãos mais simplórios e, portanto, vulneráveis à pregação ideológica.

Uma leitura transversal de tais manifestações demonstra o nível de estupidez que a radicalidade política pode provocar, até mesmo entre indivíduos cujo nível de educação formal supõe alguma racionalidade.

Ao atacar o programa brasileiro, essas entidades atingem diretamente um dos projetos mais bem sucedidos da ONU, que, por meio de suas entidades de saúde, promove assistência em lugares remotos por todo o mundo e reduz os danos de conflitos e desastres naturais.

A imprensa tem que cumprir, pelo menos formalmente, seu papel de ouvir os diversos lados de uma questão. Essa é a justificativa para os leitores de jornais serem apresentados a destemperos desse tipo. No entanto, também é papel dos jornalistas pontuar eventualmente os casos em que o debate resvala para fora do razoável. Uma das alternativas seria mostrar o trabalho feito por médicos engajados em programas desse tipo pelo mundo afora. Mas a imprensa só enxerga, por exemplo, ações de entidades como o Médicos sem Fronteiras, e parece desconhecer as missões humanitárias da ONU.

Talvez essa visão seja ainda um resíduo do preconceito com políticas que a imprensa costumava chamar de “terceiro-mundistas”. Por outro lado, as reações corporativistas dos médicos brasileiros revelam que o país formou uma geração de profissionais aos quais falta a mais básica consciência social.

A falta de educação cívica não poupa os bem nascidos ou bem sucedidos, que certamente se orgulham de suas carreiras, e os embates provocados pelas entidades médicas nas redes sociais mostram como se pode ir do orgulho ao preconceito em poucos caracteres.

BIENVENIDOS IRMÃOS SOLIDÁRIOS ! GRACIAS PELA AJUDA HUMANITÁRIA !

Mais de 70% dos médicos cubanos vão para o Norte e Nordeste

Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil

A maioria dos médicos cubanos (74%), que chegarão ao Brasil na próxima segunda-feira (26), vai trabalhar nas regiões Norte e Nordeste, informou hoje (22) o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa. "A vantagem dos acordos bilaterais é que eles estão vindo para aqueles locais onde o Brasil indica que é preciso um médico. São regiões que não foram escolhidas pelos médicos brasileiros nem estrangeiros", explicou. O secretário participou, durante a manhã, de um encontro preparatório sobre o Programa Mais Médicos com representantes de prefeituras paulistas.

O anúncio da contratação de profissionais de Cuba foi feita ontem (21) pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Espera-se que, até o final do ano, 4 mil médicos cheguem ao país. Nesta primeira etapa do acordo, que inicia na segunda-feira, 400 profissionais desembarcam no Brasil e mais 2 mil são aguardados no dia 4 de outubro. Eles vão passar pelo mesmo processo de avaliação dos médicos com diploma estrangeiro e não precisarão revalidar o diploma.

Os cubanos vão suprir a demanda de 701 municípios que não foram escolhidos por nenhum médico na primeira chamada do programa. "São médicos que se dispõem, que têm muita experiência em missões internacionais e já atuaram em outros países. Dentro de um acordo bilateral, eles vão trabalhar em locais onde há infraestrutura e um acolhimento da prefeitura", destacou Barbosa.

O secretário rebateu a crítica de entidades médicas brasileiras de que esses profissionais estariam vindo ao país em regime de semiescravidão. "Todos esses médicos estão vindo voluntariamente. Terão previdência paga pelo ministério. Alimentação e moradia paga pelo município. Dificilmente isso se assemelha a qualquer coisa parecida com escravidão", respondeu.

Especificamente sobre os médicos de Cuba, Barbosa reforçou que o Brasil repassará ao governo cubano a mesma quantia destinada aos demais profissionais, R$ 10 mil. O repasse será feito por intermédio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). "Nós repassamos o recurso para a Opas, que, por sua vez, passa ao Ministério da Saúde de Cuba, que paga os cubanos. Eles vão receber o salário que o governo paga em missões no exterior", apontou, sem informar o valor.

Segundo o secretário, cerca de 30 mil médicos cubanos trabalham em outros países, como Haiti e Venezuela. "Não podemos pagá-los diretamente. O governo cubano só aceita enviar através de um acordo bilateral", disse. Ele relembrou que essa prática, de importação de médicos, já foi adotada no Brasil, na década de 1990, quando a maioria dos médicos da atenção básica em Roraima, no Tocantins e em alguns estados do Nordeste era de Cuba. "Nunca soubemos de nenhum erro desses médicos e nenhum problema de imperícia. Nem mesmo que tenha havido denúncia de trabalho escravo", declarou.

Barbosa informou que esses profissionais, assim como os demais contratados, terão alimentação e moradia custeados pelo governo municipal. "Pela formação mais completa que eles têm, específica em atenção básica de saúde, nada indica que eles não vão prestar um excelente trabalho agora", defendeu. Ele aposta que a contribuição do país parceiro terá impacto, sobretudo, na redução da mortalidade infantil, dos casos de tuberculose, de hanseníase. "Eles vão fazer com que essas pessoas tenham mais acesso à saúde", declarou.BIE

terça-feira, 20 de agosto de 2013

PARAGUAI, POBRE PARAGUAI...


O Paraguai, pobre Paraguai...

Ninguém sabe até que ponto Horacio Cartes contará com apoio político interno. Sua trajetória política é nula. Virou candidato porque soube injetar dinheiro no Partido Colorado e vender a imagem do empreendedor eficaz. Já avisou que vai rever as políticas de transferência de renda tentadas por Lugo. E que vai conter gastos públicos. Por Eric Nepomuceno


CARTA MAIOR
Com Federico Franco, o Partido Liberal chegou ao poder no Paraguai pela primeira vez em 60 anos. Foi uma passagem relativamente rápida: durou de junho de 2012 a agosto de 2013. 

Antes daquele junho, Franco era vice-presidente de Fernando Lugo. Em conluio com o Partido Colorado – este sim, com vasta quilometragem no poder: 60 anos, inclusive os 44 da sangrenta ditadura de Alfredo Stroessner –, foi dado um golpe parlamentar contra o presidente constitucionalmente constituído. Lugo caiu e seu vice assumiu. Só assim o Partido Liberal conseguiu chegar ao poder. A breve presidência de Franco, um fulaninho falastrão e ranzinza, não deixaria outra memória além da maneira espúria como chegou ao poder.

Talvez por ter consciência disso, ele resolveu, como uma de suas últimas medidas, criar um museu de seu governo. Ou seja, um museu em sua própria homenagem. 

O museu ainda não existe, é claro. Mas quando – e se – existir, o mundo poderá ver a história do agora já ex-presidente, sua trajetória, seus discursos, suas fotografias e um sem-fim de outras pompas. Faltou, claro, perguntar se alguém estará interessado nessa farofada. 

Durante sua presidência, e até a posse do sucessor, Horacio Cartes, o Paraguai foi suspenso do Mercosul e da Unasul, a União das Nações Latino-americanas. Nesse tempo, Franco ameaçou, reclamou, bateu o pé, decidiu dizer (ninguém deu ouvido algum a ele) que o Paraguai não deve mais nada ao Brasil pela construção de Itaipu, e para completar a mixórdia toda deixou um rombo do tamanho do universo.

No dia 15 de agosto, quando seu sucessor tomou posse, fazia tempo que aposentados, funcionários e fornecedores do governo estavam a ver navios. Franco deixou um rombo de mais de 400 milhões de dólares. Há quem assegure que a dívida total é de muito mais: estaria beirando o bilhão.

O sucessor do presidente espúrio chama-se Horácio Cartes e foi eleito em abril de 2013. Assumiu, com ares solenes, na quinta-feira 15 de agosto. Na plateia estavam as presidentas da Argentina, Cristina Kirchner, e do Brasil, Dilma Rousseff, José Mujica, do Uruguai, e Ollanta Humala, que além de presidir o Peru preside também a Unasul. Cartes, antes da posse, recebeu Dilma em sua residência particular. 

O novo presidente paraguaio é uma figura – digamos – polêmica. Está sendo investigado nos Estados Unidos por suspeita de lavar dinheiro do narcotráfico. Foi investigado aqui no Brasil por suspeita de fazer contrabando de cigarros.

É dono de uma fortuna. Jamais havia feito política até 2008. Assume, mais que a presidência de um país, um verdadeiro rabo de foguete. 

Com ele, o Paraguai deverá voltar a fazer parte integral e formal tanto do Mercosul como da Unasul. O Senado paraguaio sempre rejeitou, de todas as formas, que a Venezuela passasse a integrar o Mercosul. Enquanto o Paraguai estava suspenso os outros três sócios do bloco – Argentina, Brasil e Uruguai – aprovaram o ingresso da Venezuela, na condição de sócio pleno. 

Para voltar ao Mercosul, o Paraguai vai esperar até janeiro. É que até lá a presidência rotativa está ocupada justamente pela Venezuela.

Nesse meio tempo, os outros sócios, a começar pelo Brasil, que se preparem. Vão sobrar pedidos e pressões, chantagens e ameaças. 

Já se falou, no Paraguai, da necessidade de analisar aspectos jurídicos da entrada da Venezuela com a mesma soltura com que se mencionou o direito paraguaio a reivindicar compensações financeiras pelo tempo da suspensão. O próprio Cartes já disse que quer ser autorizado a realizar acordos comerciais com outros países que não integram o Mercosul, indo contra a resolução que exige consenso entre os países-membros para negociações fora do bloco. 

Cartes diz que quer mais investimentos brasileiros, especialmente na indústria. Insinua que está disposto a grandes concessões com tal de atrair investidores. Na plateia da cerimônia de sua posse havia gordos punhados de gordos empresários. 

No dia seguinte Cartes se reuniu, num café da manhã insosso, com 450 empresários, dos quais 150 eram estrangeiros. O Paraguai está isolado ou quase, e ele quer reverter esse quadro.

A economia do país vai bem, obrigado. Deve crescer uns 12% este ano. Os paraguaios, por sua vez, vão mal como sempre. Cerca de 42% deles vivem na pobreza mais dura. O Paraguai virou uma potência dos agronegócios. É o terceiro exportador de carne da América do Sul (perde só para o Brasil e o Uruguai, passou a Argentina) e é o quarto maior exportador de soja do mundo. Mas 18% dos paraguaios não conseguem consumir as quantidades mínimas de calorias e proteínas diárias determinadas pelos organismos internacionais e vivem, portanto, em situação de miséria e exclusão social. 

Quase 80% das terras cultiváveis estão nas mãos de 1% dos proprietários rurais do país. A desigualdade é crônica na Paraguai, e só é combatida nos discursos pomposos e vãos.

Ninguém sabe até que ponto Cartes contará com apoio político interno. É bem verdade que com ele o Partido Colorado volta ao poder, após o breve interlúdio de Fernando Lugo e, depois, de Federico Franco. Mas também é verdade que Cartes tem trajetória política nula. Virou candidato porque soube injetar dinheiro no Partido Colorado e vender a imagem do empreendedor eficaz. 

Já avisou que vai rever as políticas de transferência de renda tentadas por Lugo. Avisou que vai conter gastos públicos. Avisou que vai aumentar os impostos sobre as exportações. Avisou que quer reatar as relações comerciais com o Brasil e a Argentina. Avisou um monte de coisas.

Resta agora saber se vale o velho ditado que reza que quem avisa, amigo é. Resta saber se vai fazer o que diz e, principalmente, como fará.

Um dato incômodo deve servir de alerta aos vizinhos: ao anunciar um gabinete ‘essencialmente técnico’, Horacio Cartes quis deixar claro a paraguaios e vizinhos que essa será a linha de seu governo. 

Pois bem: para chanceler, ele escolheu um veterano e experiente diplomata aposentado, Eladio Loyzaga, advogado especialista em comércio internacional e ex-deputado. 

Acima de tudo, Loyzaga é conhecido por ter participado com destaque, nos anos 60 e 70, de uma chamada Liga Anticomunista Mundial e ter colaborado ativamente com a famigerada Operação Condor, que agiu na América do Sul sequestrando e assassinando militantes de oposição durante as ditaduras militares mais recentes. 

É uma figura nefasta. Se esse é o critério técnico de Cartes, melhor se preparar para tempos difíceis, muito difíceis, com esse vizinho sempre difícil.

MANIFESTO DO EPP (08/07/2012)

Manifesto do EPP-PARAGUAY 
Por Exercito do Povo Paraguayo- EPP 08/07/2012 às 18:23 


O que aconteceu na 6ª-feira, 22 de junho, foi o que se pode chamar de assalto com punhos de renda: uma gangue assaltou outra, aliado roubou o aliado, derrotou-o com maioria parlamentar e expulsou do poder os que, agora, se dizem traídos. 

EPP denuncia saque do Estado paraguaio 
07.07.2012 | Fonte de informações: Pravda.ru 
Ejército del Pueblo Paraguayo (EPP[1]) 
 http://www.cedema.org/ver.php?id=5070 



A primeira preocupação, a primeira tarefa de qualquer governo, é assegurar a tranquilidade dos organismos econômicos, para que o grande capital possa continuar a fazer negócios. O ordenamento jurídico político do Paraguai são os andaimes que sustentam o capital transnacional e a oligarquia e seus negócios. 

No nosso país, aliaram-se duas gangues - Frente Guazú [Frente Ampla[2]] e Partido Liberal), que se autodenominaram "Aliança Patriótica para a Mudança". Uniram-se para recolher o butim, para saquear o estado paraguaio. 

O que aconteceu na 6ª-feira, 22 de junho, foi o que se pode chamar de assalto com punhos de renda: uma gangue assaltou outra, aliado roubou o aliado, derrotou-o com maioria parlamentar e expulsou do poder os que, agora, se dizem traídos. O objetivo da política criola desde 1870 sempre foi o mesmo: assegurar ao capital transnacional e à oligarquia local a continuação de seus rendosos negócios. Essa é a função dos pequenos burgueses da Frente Guazú, que, com seus discursos socialistas enganaram e destruíram, com subornos, quase todo o movimento popular no Paraguai. 

Não nos enganemos: a distribuição de esmolas, a que chamam "assistência condicionada" é política do Fundo Monetário Internacional, como medida de urgência, ante o rápido empobrecimento dos povos. Consequência disso, são medidas impostas pelo mesmo Fundo Monetário Internacional, para fingir sensibilidade ante o sofrimento do povo. Subornam para anestesiar e, assim, frear a radicalização das populações. Ao mesmo tempo, aumentam a possibilidade de o capital vender mais, recolhendo também dinheiro do estado. 

Mas um setor do movimento camponês cansou-se de mendigar. Cansou-se de ver suas reivindicações sempre jogadas na lata de lixo de um ou outro burocrata. Esse movimento assustou a oligarquia e os cães lambe-botas dos políticos. O que se viu foi disputa entre o luguismo e outros partidos que o luguismo protege e defende, ao defender a propriedade privada. 

Foram assassinados 11 camponeses heróis, cansados de desalojamentos e remoções, que decidiram resistir. 

O povo conhece muito bem o 'conto' do governo luguista: que haveria infiltrados. Não passa de teatro urdido pelo governo agora derrubado, para encobrir seus crimes. 

A ordem dada às forças da repressão (FOPE [Fuerza de Operaciones de la Policía Especializada [3]], GEO) é desativar, reprimir e, sendo preciso, afogar em sangue a luta do povo. As forças da repressão existem para proteger os oligarcas e suas propriedades. 

Sempre dissemos ao povo que o governo Lugo agora derrubado servia como escudo para os interesses dos ricos, enganando o povo com seus discursos socialistas. 

O Ejercito del Pueblo Paraguayo convoca os setores populares a lutar por seus verdadeiros interesses de classe. Nenhum governo pró oligarcas será algum dia legítimo aos olhos do povo. Muito menos o atual governo golpista, do ultradireitista Federico Franco. 

O sangue derramado de nossos mártires da luta popular de Curuguaty nos fortalece e obriga nossa ação revolucionária. Nosso único comandante supremo é o povo pobre. 

Sigamos construindo sem pausa as milícias Lopiztas do Ejercito del Pueblo Paraguayo, para lutar pela única vitória pela qual vale a pena lutar: a felicidade e o bem-estar do povo faminto do Paraguai. 

VIVA os heróis camponeses de Campo Morombi! VIVA o EPP! 

Juramos vencer. Não nos renderemos. 
Obs. para saber mais e ver fotos e documentos que provam que Fernando Lugo é um traidor e que aqueles que o defendem são mal informados ou mesmo cumplices do banditismo que Lugo promoveu contra os revolucionarios, campesinos e povo paraguayo, acesse: http:www.guaritadaliberdade.no.comunidades.net 

UMA LASCA DO BRASIL

O capital parasita quer tirar uma lasca do Brasil

Blog das Frases
Eles querem tirar uma lasca do Brasil 

O capital parasita – leia-se, rentistas, especuladores e a república dos acionistas sem pátria – acha que chegou a hora de tirar uma lasca do Brasil.

Um pedaço do pré-sal, talvez. Ou um naco das reservas em dólar. Quem sabe um escalpo extra da população para atingir ‘a meta cheia’ do superávit fiscal.

Os preparativos para o assalto começaram há algumas semanas; deixaram os rastros de sempre nas manchetes nada sutis do jornalismo ‘especializado’.

A interpretação que a mídia e consultorias oferecem para o salto do dólar nesta 6ª feira, quando a moeda norte-americana avançou 2% e beirou R$ 2,40, inclui-se nesse esforço de achacar a nação por asfixia.

O jornal Valor Econômico foi originalmente um veículo conservador com apego à exatidão útil aos mercados.

Rasgou a fantasia este ano; hoje é mais um clarim estridente dessa ordem unida de achacadores.

Para se credenciar, limou a redação da competência heterodoxa de que dispunha e despediu a seriedade.

Ajustou-se.

Agora é o porta-voz dos administradores de carteiras.

Uma gente sôfrega que se move por impulsos irrefletidos em relação ao próximo e ao distante; sejam eles a sorte da economia ou os destinos da sociedade.

É desse circuito algo reptiliano que saltou o bote desfechado esta semana contra o pré-sal.

Coube ao Valor atribuir ao governo aquilo que a ganância parasitária pleiteia: abdicar dos 30% cativos da Petrobrás no pré-sal.

Um balão de assalto.

A república dos acionistas gostaria de ‘realizar’ depressa o valor potencial das maiores reservas de petróleo descobertas no planeta nos últimos 30 anos.

O nome do atalho é petroleiras internacionais.

O método: remeter in bruto o óleo, sem refino.

E gerar caixa. Somas elevadas.

A república dos acionistas ganharia duas vezes.

Se a Petrobrás deixa de gastar como investidor universal da exploração, com pelo menos 30% em cada poço, como manda a lei, sobra mais para distribuir dividendos aos detentores das carteiras.

Que ganhariam de novo se o petróleo fosse bombeado direto para fora do país, sem alimentar impulsos industrializantes, sem expandir polos tecnológicos, sem engatar cadeias de equipamentos com elevados índices de nacionalização e prazos mais largos.

Entre os favorecidos nessa elipse do interesse nacional, figura a família Marinho, dona do jornal Valor, juntamente com os Frias, e um dos maiores acionistas da Petrobras.

Transitamos, como se vê, no campo da injeção de interesses direto na veia do noticiário.

Nesta 6ª feira foi a vez do ataque especulativo contra o câmbio.

O chamado ‘over shoot’ do dólar – uma desvalorização abrupta e pronunciada-- vem sendo urdido em ladainha, há várias semanas, pelo mesmo noticiário especializado .

A esperança, confessa, é que o ajuste cambial --que o país precisaria fazer para devolver competitividade a sua indústria e refrear o déficit externo-- desembeste. E ocupe o lugar do tomate no jogral do ‘descontrole dos preços’ , lubrificando a defesa do choque redentor dos juros .

O conjunto atenderia ainda à determinante política do mutirão conservador, que consiste em decretar o necrológio do governo Dilma, com injeção de algum oxigênio às candidaturas anêmicas da oposição tucana.

Fatos.

As moedas emergentes – todas elas – perderam valor no mundo nesta 6ª feira.

Motivo: a expectativa de uma mudança de ciclo econômico mundial, com a recuperação dos EUA.

O BC norte-americano pode apertar um pouco menos o espirrador de liquidez por lá, se a recuperação, de fato, acelerar o passo de forma consistente (hipótese ainda controversa).

Se isso acontecer, os juros norte-americanos tendem escalar níveis capazes de gerar uma fuga de investidores do resto do mundo, Brasil inclusive.

Os juros futuros dos títulos do Tesouro dos EUA flexionaram nessa direção na 6ª feira.

Mas não há fuga de investidores do Brasil, por enquanto.

Nem há razões para tal. Ao contrário.

A brasileira foi uma da raras economias ocidentais cujo consumo de massa se manteve em expansão durante a crise. Ademais de ser dotada de um robusto pacote de investimentos pesados. E de um fiador de futuro composto de bilhões de barris de petróleo.

O que fez a ganancia infecciosa nesta 6ª feira foi aproveitar a onda externa e ‘antecipar’ o cenário de uma fuga, precificando-o nas cotações do dólar.

O que eles querem?

Querem que o Brasil atue para apagar o fogo da avidez, dando um pedaço das reservas de US$ 380 bi à fome descabida aos mercados especulativos.

É agora ou nunca.

A verdade é que o mote do descontrole econômico, alardeado como a contra-face ‘estrutural’ dos protestos de junho, não pegou.

Fanhosas apresentadoras de refogados na TV foram para o sacrifício, pendurando legumes no pescoço.

O ridículo lhes cai bem, mas não prosperou: em julho, houve deflação de alimentos.

O custo da cesta básica caiu em 18 capitais. A indústria cresceu. O PIB se arrasta, mas estamos longe do alarmismo inscrito no noticiário.

A popularidade da Presidenta Dilma desenhou uma inflexão de alta em agosto. Segundo o Datafolha, ela vence qualquer adversário no 2º turno.

O conservadorismo, ao contrário,mimado pela mídia, não tem nenhum candidato de fôlego.

Seu núcleo duro foi atropelado pelas revelações de corrupção sistêmica no metrô de São Paulo.

Se é para tirar uma lasca do país, há que ser agora, na turbulência que o ajuste de ciclo internacional provoca nos portfólios especulativos.

Depois pode ficar tarde.

Um jornalismo rudimentar no conteúdo, ressalvadas as exceções de praxe, mas prestativo na abordagem, reveste esse assalto com uma camada de verniz naval de legitimidade incontrastável.

A crise mundial açoitou impiedosamente a sabedoria excretada dessa endogamia entre o circuito do dinheiro especulativo e o noticiário conservador.

Para dizê-lo de forma educada, a pauta dos mercados autorregulados revelou-se uma fraude datada e vencida. De um mundo que trincou e aderna, desde setembro de 2008.

Todavia, só se supera aquilo que se substitui.

E nada se colocou em seu lugar.

Ao que parece, o governo continua a acreditar que vencerá a luta pelo desenvolvimento armado de ferramentas exclusivas do paiol economicista.

Deixa, assim, o campo livre para o mercado fazer política.

Tirando uma lasca do Brasil, em benefício dos interesses particularistas. Que a mídia equipara aos de toda a sociedade.

INGLATERRA CADELA AMERICANA

Inglaterra afronta o Brasil com detenção de brasileiro

Deter David Miranda pode ter sido um tiro no pé 

A detenção do brasileiro David Miranda no aeroporto de Londres, por nove horas, com base numa esdrúxula lei antiterrorismo, reflete toda a estupidez do governo britânico e a subserviência aos Estados Unidos, que a essa altura devem estar bastante preocupados com a asneira inglesa e suas consequências. O companheiro de Miranda, o jornalista Glenn Greenwald, radicado no Rio, prometeu que vai dar o troco publicando em breve muito mais informações sobre as espionagens feitas pelos americanos e já divulgadas por ele no blog que mantém no do jornal inglês The Guardian.

A estupidez contida na atitude do governo britânico continua a mesma desde o caso de Jean Charles, assassinado pela Scotland Yard por engano numa demonstração de incompetência ímpar e que até hoje não reconheceu seu erro. A família de Jean Charles ainda busca uma reparação, ingressou na justiça britânica e a única coisa que conseguiu foi o desprezo, como se sua morte não fosse algo que devesse ser tratado na esfera jurídica.

A detenção de Miranda, que fazia apenas uma escala na Inglaterra vindo de Berlim voltando para o Brasil, foi um ato de arbitrariedade que só causou indignação internacional e não teve nenhum resultado prático a não ser causar a repulsa de Glenn, que nos próximos dias deverá divulgar mais informações que lhe foram repassadas pelo espião Edward Snowden, ex-agente da Agência de Segurança Nacional (NSA- na sigla em inglês) sobre a espionagem que os EUA fazem em vários países, particularmente no Brasil.

Após ter publicado uma série de reportagens sobre a vigilância dos Estados Unidos e da Inglaterra, Glenn disse que ainda tinha material muito mais bombástico para divulgar e o momento é mais que mais propício para isso, rechaçando a arbitrariedade com informação. Aguardamos todos com ansiedade essa novas revelações, que sejam muitas, Glenn, e que sejam tão ou mais explosivas quanto você já havia anunciado. Bom trabalho.