sexta-feira, 14 de junho de 2013

MÉXICO - O PESADELO DO IMIGRANTE

MÉXICO
O pesadelo do emigrante

Jacinto Granda

VÃO na procura dum sonho, mas realmente se enfrentam a um pesadelo 
que, em muitos casos, significa até a morte.

Trata-se do destino dos emigrantes ilegais, principalmente 
centro-americanos e mexicanos, que pretendem chegar aos Estados 
Unidos, para fugir da pobreza que padecem em seus países, encontrar 
uma vida melhor e poder ajudar aos seus familiares.

Eles viajam em massa no teto da "Besta", como chamam aos trens de 
cargas que cruzam a fronteira da Guatemala e se adentram na geografia
mexicana.

Depois, eles tentarão continuar caminho como puderem até o norte.

São homens, mulheres e até crianças que nesse perambular se encontram
indefesos, face a uma realidade na qual podem ser roubados, golpeados, 
violados, torturados, sequestrados e assassinados, vítimas de bandos 
criminosos e, inclusive, de autoridades corruptas.

O bispo de Saltillo, Raúl Vera, declarou à imprensa que em cada seis 
meses o crime organizado obtém, pelo menos, US$25 milhões como 
resultado das extorsões aos emigrantes.

AO CRUZAR A FRONTEIRA

Mas a agonia destes viajantes não termina quando finalmente conseguem
cruzar a fortificada fronteira dos Estados Unidos. Então são vítimas 
do inóspito deserto; da perfídia de contrabandistas de pessoas 
(conhecidos como coiotes ou "polleros"); da violência de grupos 
xenófobos e dos maus tratos da guarda fronteiriça.

O número de indocumentados mortos na fronteira, somente durante o ano
passado, aumentou para 477.

Apesar de todo este terrível panorama, mais de 11 milhões de 
emigrantes indocumentados vivem atualmente nos Estados Unidos, embora
sua agonia não acabe aí.

Pedro Dávalos é um deles. Sobreviveu à rota da "Besta" e conseguiu 
cruzar o deserto fronteiriço, mas hoje está desempregado e mora num 
parque de Nova York, narrou um noticiário da televisão mexicana.

Outros muitos desempenham trabalhos fortes e muito mal pagos, 
principalmente na agricultura, na construção ou lavando pratos em 
restaurantes de baixa categoria.

Contudo, o perigo maior é outro. O governo estadunidense endureceu sua 
política migratória contra os indocumentados e aumentou as 
deportações, sem importar que levem anos nos Estados Unidos e até que
tenham filhos nascidos nesse país.

São comoventes os relatos desses pais que foram desterrados e 
separados de seus entes queridos.

Depois de tantos anos com esta situação, e de reclamos constantes e em 
massa, dos imigrantes e de associações civis, entre outras muitas 
vozes, agora é que se debate no legislativo estadunidense uma reforma
à discriminatória Lei de Emigração.

Acerca desta, o presidente Barack Obama, que deve sua reeleição ao 
voto latino, disse que esse projeto inclui conceitos com os quais ele
concorda, mas admitiu que a iniciativa não satisfaz todas suas 
expectativas.

Será preciso esperar o resultado desse debate no Congresso dos Estados 
Unidos e ver até onde essa reforma será um real benefício para esses 
milhões de indocumentados.