sábado, 10 de agosto de 2013

CAPITALISMO EXIGE O SANGUE DAS CRIANÇAS HAITIANAS

Invasão das empresas de mineração preocupa haitianos
 
 
 


Adital
HGW/Lafontaine OrvildOrganizações da sociedade civil haitiana se mobilizam contra projeto de lei que o governo está elaborando para atrair investimentos no setor de mineração. As denúncias são de que negociações com as empresas acontecem a portas fechadas, o que deixa os cidadãos preocupados com o saque sistemático dos recursos naturais. Um terço do norte do Haiti já é alvo de pesquisas e explorações por parte de empresas estrangeiras, a exemplo da jazida de Grand Bois, onde os trabalhadores também estão mobilizados (foto).
Em julho deste ano, cerca de 200 agricultores de Grand Bois, no departamento Norte, se reuniram para discutir o futuro das operações de mineração no local. "Quando alguém fala sobre mineração, nossa história nos faz pensar na escravidão, na ocupação de nossas terras”, disse Willy Pierre, professor de ciências sociais em uma escola próxima. "Poderemos perder nossos campos férteis. Nos expulsarão de nossa terra. Porque teremos que partir?”, indagou.
A jazida de Grand Bois é rica em ouro e cobre. A companhia canadense Eurasian Mierals detén a concessão de exploração por meio de sua subsidiária haitiana, a Societé Minière Citadelle S.A.
A agência de mineração do governo disse à organização não governamental Haiti Grassroots Watch (HGW) que seu objetivo é deixar o país mais atrativo para potenciais investidores internacionais. Ludner Remarais, diretor da Agência de Energia e Mineração do Haiti, afirmou que o país precisa de uma lei mais atrativa, que "seduza os investidores”, pois a atual estaria obsoleta.
Em fevereiro deste ano, uma pesquisa mostrou que 15% do território haitiano já se encontrava licitado, por isso o Senado decidiu aprovar uma resolução que ordena a suspensão de todas atividades de exploração para que possa haver um debate nacional sobre esses contratos. Ramerais confirma que o governo está respeitando a decisão, mas acrescenta que resolução na vale para os direitos já concedidos.
Com o aumento do preço do outro e de outros minérios no mercado internacional, há cerca de cinco anos, o Haiti começou a viver o que chama de "febre do ouro”. Há estimativas de que a riqueza mineral no país, principalmente em ouro, prata e cobre, chega a 20 bilhões de dólares. Cerca de 2,4 mil quilómetros quadrados de terras já foram destinados a companhias haitianas que representam os intereses dos Estados Unidos e do Canadá.
As organizações de camponeses e grupos defensores dos direitos humanos, da soberania alimentar do meio ambiente denunciam os possíveis efeitos da indústria de mineração sobre a qualidade da água e da terra. Esses grupos formaram o Colectivo contra la Minería.
Com informações da Agência IPS.