bertoldbrecht
Bertold Brecht, dramaturgo e poeta marxista.
Há homens que lutam um dia, e são bons;
Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há os que lutam toda a vida
Estes são os imprescindíveis
Neste 14 de agosto, data da morte do maior dramaturgo do Século XX, publicamos este registro-homenagem da Diálogos do Sul à Bertold Brecht cuja obra ainda é referência para todos aqueles que acreditam que um mundo melhor é não apenas possível, mas necessário.
Anibal Montoya*
Os casos de Edward Snowden, ex-conselheiro da CIA que revelou a agência de espionagem maciça na internet, do soldado Manning Yankee, que vazou milhares de relatórios secretos do governo dos EUA, e de Julien Assange, fundador do Wikileaks, trazem à mente um poema de Bertolt Brecht.
O Vosso tanque General, é um carro forte
tanquesDerruba uma floresta esmaga cem homens,
Mas tem um defeito
- Precisa de um motorista
O vosso bombardeiro, general
É poderoso:
Voa mais depressa que a tempestade
E transporta mais carga que um elefante
Mas tem um defeito
- Precisa de um piloto.
O homem, meu general, é muito útil:
Sabe voar, e sabe matar
Mas tem um defeito
- Sabe pensar
É incrível como, apesar de toda a máquina repressiva, do desenvolvimento tecnológico mais sofisticado nas mãos dos governos mais reacionários do planeta, de seus sistemas de segurança avançados, do seus poderosos aparatos estatais com isca de centenas de bilhões de dólares, de seus exércitos de agentes secretos, de policiais e de criminosos de todos os tipos aos seus serviços, basta a vontade de um único indivíduo de média e baixa fileiras, perdido e esquecido em um canto escuro de um escritório ou num quartel do exército, para revelar ao mundo todo o esgoto dos esgotos de poder que se esforça para se manter secreto, como um avarento ganancioso que guarda tesouros escondidos.
Assange
Julian Assange
É preciso um grau de extraordinária coragem para fazer o que fizeram estes três indivíduos, e isso deve ser dito. Mas isso não pode explicar tudo. Para superar o medo das consequências de suas ações, também é preciso desenvolver um senso de profundo desprezo para o venenoso meio ao seu redor, e um enorme desejo de servir a humanidade para denunciar toda a imundícia do poder arbitrário de que foram testemunhas e participantes. A idéia dialética que das águas sujas pode fluir também água limpa, o velho do novo.
Eles são pessoas como todos nós e suas ações devem nos reconciliar com nossa humanidade e fortalecer nossa confiança na humanidade e seus mais altos padrões.
Se dezenas de milhões vão às ruas em todo o mundo, se o sentimento de revolta parece cada vez mais espalhado por todo o planeta em desafio aberto ao sistema existente, e se, até mesmo dentro da máquina de poder surgem aliados inesperados, quem pode duvidar que o medo começa a mudar de lado e que a vitória parece cada vez mais provável?
Anibal Montoya (Argentina)