segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

EQUADOR

Partido de Correia vence em nove províncias, mas perde na capital


Adital
As eleições de ontem (23) foram uma disputa intensa e seus resultados importantes para os rumos políticos do Equador. O Aliança País (AP), partido do presidente Rafael Correa, conseguiu um total de nove províncias, três a mais do que nas últimas eleições, no entanto, foi derrotado em locais importantes como a capital Quito, Cuenca e Guayaquil, cidade mais populosa do país.
Quase 12 milhões de votantes entre 18 e 65 anos escolheram 23 prefeitos provinciais (o equivalente a um governador eleito por voto direto, pois dividem tarefas importantes na província com outra autoridade a que chamam de governador e é indicado pelo presidente da república), 221 prefeitos municipais ou de cantões, 1.305 conselheiros provinciais (equivalente a um congresso nacional com deputados provinciais eleitos diretamente e outros indicados pela Assembleia Paroquial) e 4.079 representantes de juntas paroquiais rurais (equivalentes a vereadores que compõem a Assembleia Paroquial). O sistema de organização política do Equador difere da maioria dos países da América Latina, mas é como se a câmara de vereadores fosse também única para todo o país.
Após a apuração de mais de 50% das urnas os resultados começaram a ficar claros. Aliança País ganhou as prefeituras de Tungurahua Pichincha, Napo, Los Ríos, Cañar, Esmeraldas, Guayas, Manabí e Chimborazo. No entanto, a oposição se sobressaiu nas três cidades principais: Quito, Guayaquil e Cuenca.
Em Guayaquil, o atual alcalde Jaime Nebot, da aliança Madera de Guerrero - PSC, foi reeleito, tendo vencido a aliancista Viviana Bonilla, com mais de 57% dos votos. Já em Cuenca o cargo foi ocupado por Marcelo Cabrera Palacios da Aliança Participa com Igualdade 62-82, que retirou do poder o atual prefeito, Paul Granda.
Em Quito, Mauricio Rodas, da coalizão Suma Vive, venceu o candidato governista Augusto Barrera. Esta era a derrota mais temida pelo Governo. Durante a corrida eleitoral, Correia, que se licenciou de seu cargo no Executivo para atuar ativamente na campanha de Barrera, chegou a dizer que o resultado na capital define o rumo de seu projeto, pois uma derrota em Quito poderia constituir a linha de frente da direita, dada a dimensão política desta prefeitura e o peso político de um prefeito na disputa ideológica.
"Entendamos que o que está em jogo não é o serviço à cidade, é a ponta de lança para parar a Revolução Cidadã”, disse. Correa também tem alertou para uma possível desaceleração no processo de integração regional.
A fala do presidente remete à situação que está acontecendo na Venezuela, onde milhares de pessoas estão se mobilizando nas ruas contra o Governo do presidente Nicolás Maduro, sob liderança da direita, encabeçada por Leopoldo Lopéz.
Apesar deste revés, após a divulgação dos resultados preliminares Rafael Correa manifestou, na sede do Aliança País: "Uma coisa é a lógica local, outra a lógica nacional, o Governo Nacional tem um imenso apoio” e acrescentou que "a tendência esquerda e centro-esquerda no país supera toda a direita junta”.
Mauricio Rodas, que ficou em 4° lugar nas eleições presidenciais em fevereiro do ano passado, é visto como um personagem que reúne os requisitos necessários para sustentar uma luta contra a Revolução Cidadã, como é chamado o projeto político e social de Rafael Correa. O político, considerado representante da "nova direita” no Equador, é o fundador de uma ONG que recebe recursos e apoio da Fundação Nacional para a Democracia (NED, na sigla em inglês), parceira da CIA.
As eleições deste domingo foram consideradas um indicador para medir o desgaste sofrido pelo governo equatoriano e servirá para que o líder da Revolução Cidadã comece a planejar a campanha que será orquestrada pela para as eleições presidenciais de 2017, quando se encerram as funções de Rafael Correa. 

NÍVEL INTERMEDIÁRIO DE GOVERNO
Nível de GovernoExecutivoLegislativo
Províncias (23)Regime dependente: Governo nas províncias.
Autoridade: Governador.
Eleição: Designado.

Regime seccional autônomo: Formado pelos Conselhos provinciais, municípios, juntas paroquiais.
Autoridade: Prefeito Provincial.
Eleição: Voto popular, por 4 anos.
Autoridade: Conselhos Provinciais
A metade mais um dos conselheiros são eleitos popularmente, o resto é designado pelos Conselhos Municipais.
Eleição: Voto popular, por 4 anos.
NÍVEL LOCAL DE GOVERNO
Nível de GovernoExecutivoLegislativo
Cantões (215)
Por cada cantão há um município
Autoridade: Alcalde - Municipalidade.
Eleição: Eleito entre os conselheiros, por 4 anos, pode ser reeleito indefinadamente.
Autoridade: Conselhos Municipais.
Eleição: Voto popular, por 4 anos, podem ser reeleitos indefinadamente.
ParóquiasAutoridade: Juntas Paroquiais e Presidente da Junta (remunerado)
Membros (remunerados).
Eleição: Voto popular, por 4 anos
Autoridade: Assembleia Paroquial.
Eleição: Vocais por voto popular (sem remuneração ou subsídios).

Fonte: Revisão Constitucional e legal realizada prlo Programa Colombia do Centro de Estudos Latinoamericanos da Universidade de Georgetown, outubro 2002.